Sobre
A letalidade policial brasileira supera seu próprio recorde ano após ano. Segundo o Monitor da Violência, 6.160 pessoas foram mortas por policiais no País em 2018 – 935 a mais que em 2017. Os sistemas prisional e socioeducativo descumprem os direitos fundamentais da pessoa humana e deixam de cumprir seus reais propósitos.
As marcas e traumas deixados por esta violência de Estado resultaram na união de mães e familiares para lutar por direitos, justiça, reparação e memória em todo o Brasil.
Para as mães que tiveram seus filhos assassinados brutalmente pelas polícias, maio representa o mês de luta e de busca por responsabilização do Estado pela política de terrorismo que vitimiza um população bastante especifica: jovens, negros e pobres. É também o mês em que, desde 2016, mães e familiares se reúnem anualmente.
Os Encontros da Rede Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado têm o objetivo de fortalecer a luta por Justiça daqueles que perderam seus familiares, dando visibilidade às violações de direitos perpetradas pelo Estado. É um importante momento de troca de experiências entre os familiares, que vivem o cotidiano de ameaça e repressão e buscam a construir a memória de seus filhos.
Em 2020, Fortaleza será a casa do 5º Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado.
Quinto encontro
Os mortos e encarcerados sistematicamente no Brasil têm idade, cor e endereço: jovens, negros e periféricos. A injustiça desse cenário extrapola o disparar das armas e o fechar das grades. Familiares, amigos e mães também sofrem e clamam por Justiça.
O 5º Encontro Nacional de Mães e Familiares de Vítimas do Terrorismo do Estado homenageia três mulheres que construíram lutas e, em suas trajetórias, marcaram os caminhos de muitas outras. Vera, Janaína e Darlana estão presentes!
Vera Lúcia dos Santos
Uma das fundadoras do movimento Mães de Maio, em São Paulo. Em um único dia de maio de 2006, a cabeleireira perdeu a filha, a neta mais nova e o genro.
Em 2008, Vera teve a casa invadida por policiais militares e foi acusada de tráfico de drogas. Injustamente condenada, passou três anos e dois meses na prisão.
Outras tantas violências estiveram no seu caminho, mas Vera nunca deixou de lutar.
Era 3 de maio de 2018, quando foi encontrada desacordada em sua cama. Ela estava deitada entre fotos e documentos pessoais. Na porta do quarto do filho, ela deixou pendurada uma camisa das Mães de Maio. Sua luta vive!
Janaína Soares
07.11.18 | “O coração não aguentou. Lamentamos profundamente a morte de Janaína Soares, vítima de infarto na comunidade de Manguinhos no Rio de Janeiro. Há 3 anos, seu filho Cristian, de 13 anos, foi assassinado. Mas a violência continuou se repetindo. Até que, no último domingo Janaína viu acontecer a morte de um adolescente de 17 anos atingido por um tiro enquanto andava de bicicleta. Não aguentou. Outros dois adolescentes também tiveram a vida interrompida neste fim de semana na cidade do Rio”. (UNICEF Brasil)
Histórias como a de Janaína são contadas dia a dia no Brasil afora. O adoecimento causado pelo Estado na vida das mães e dos familiares é irreparável. A dor e a saudade permanecem presentes no coração de quem fica e de quem luta.
Darlana Ribeiro Godói
Lana, como gostava de ser chamada, foi uma das coordenadoras da Associação de Familiares de Internos(as) do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Afisp/DF). Atuou ajudando os familiares da melhor forma que podia, sempre disposta a se sacrificar um pouco mais pela causa.
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Descobriu há 5 anos que tinha leucemia, e mesmo assim não deixou de lutar: tanto contra o câncer, quanto pelos direitos dos internos. Ela batalhou com todas as forças e com esperança, mas faleceu no dia 22 de setembro de 2019. Apesar de a dor e o cansaço a consumirem, ela não perdeu a luta. Está viva em todas aquelas e aqueles que acreditam e militam pelos direitos fundamentais e dignidade dos filhos(as). Lana presente!
Edições anteriores
São Paulo
Em maio de 2016, por ocasião dos 10 anos dos Crimes de Maio, mães em luto e luta realizaram em São Paulo o “I Encontro Internacional de Mães de Vítimas da Violência do Estado: por Justiça, Reparações e Revolução!”.
O encontro consolidou o início de uma rede nacional de acolhimento e reivindicações.
Rio de Janeiro
Nos dias 19 e 20 de maio de 2017, mães e familiares de todo o Brasil se reuniram na capital carioca.
Além de rodas de conversa e oficinas, o evento contou com um ato diante da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Na ocasião, demandaram em carta apoio e agilidade para projetos de lei voltados para as vítimas do Estado.
Salvador
Entre 16 e 21 de maio de 2018, mães, familiares e vítimas dos terrorismo do Estado do Brasil, da Colômbia e dos Estados Unidos se reuniram em Salvador, BA.
Como em todos os anos, debates, encontros com autoridades e um ato público estiveram na programação.
Hidrolândia, Goiânia e Brasília
Realizada entre 18 e 21 de maio de 2019, a quarta edição nacional reuniu em Goiás mães e familiares de nove estados.
Ao fim, uma reunião decidiu que o 5º Encontro acontecerá em 2020 na capital cearense.
Galeria de fotos
O 4º Encontro Nacional contou com um dia de atividades e incidências em Brasília
Além dos encontros entre os grupos de todo o País e com representantes políticos, as mães e familiares organizam um dia de protesto público
No Congresso, durante o 4º Encontro, mães e familiares se encontraram com presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia