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“Gritem até ficar sem voz!"

Na manhã do dia 19, quinta-feira, mães dos movimentos do Ceará e algumas representantes de movimentos nacionais apresentaram a carta política construída em plenária no dia anterior a representantes do Tribunal de Justiça. A reunião estava prevista para acontecer com a desembargadora Vilauba Lopes, que não pôde comparecer, sendo esta representada por outra funcionária do TJCE.


Suderly de Lima, do Movimento Mães do Curió, apresentou as recomendações/reivindicações propostas e sentidas pelo grupo, com uma fala de memória das vítimas e um pedido de atenção e ação ao caso do Curió.


Logo em seguida, Edna Carla, que também é uma das mães do Movimentos das Mães do Curió e das Mães da Periferia, fez uma fala-protesto criticando a morosidade da justiça e falta de ação do Estado em relação ao caso.


Edna também questionou o modelo de cuidado às mães e familiares, “não é com remédio que se trata uma mãe que perdeu o filho. Nós queremos um tratamento digno, respeitoso.”


Após a intervenção, Alêssandra Félix, do coletivo Vozes de Mães e Familiares do Socioeducativo e Prisional, apresentou os pontos pactuados em plenária sobre as recomendações relacionadas às necessidades sentidas no sistema socioeducativo/prisional e as condições e tratamentos nesses espaços.


Logo após, Deize Carvalho, do Núcleo de Mães Vítimas de Violência do Rio de Janeiro, relatou um pouco a situação de encarceramento no seu estado e também criticou a morosidade e inércia da justiça no julgamento desses e de outros casos.





Ana Paula Oliveira, do Movimento de Mães de Manguinhos, relatou um pouco sobre sua luta e a situação judicial no Rio de Janeiro. Ela sugeriu a ideia de espaço acessível de acolhimento às mães e familiares, com acompanhamento psicossocial e de escuta. Ela citou um exemplo de espaço que estava sendo pensado com esse mesmo objetivo no seu Estado e uma proposta semelhante que estaria sendo pensada em Pernambuco.


Silvia Helena, do coletivo Mães e Familiares do Curió, cobrou do Estado responsabilização e punição dos agentes responsáveis.


Ana Lúcia, também do Movimento das Mães do Curió, reforçou a participação do Estado no cuidado psicossocial e acompanhamento das famílias e relatou o adoecimento que afetam as famílias de vítimas. “A gente quer tratamento específico pra gente, que funcione”

E cobrou júri popular esse ano.


Irone Santiago, do grupo de mães da Maré, contou a situação vivenciada pelo filho, Vitor Santiago, que ficou paraplégico após fuzilamento do carro em que estava com os amigos, por militares do exército, em 2015. “Segurança não casa com políticas públicas”, parafraseou a frase dita pelo filho.


No caso de Vitor, o Conselho de Justiça Militar decretou, em 2020, de forma unânime, que o cabo do exército agiu em “legítima defesa imaginária”.


“Meu filho vai ficar pra sempre naquela cadeira de rodas porque o Estado mira na gente”

Irone também citou a realidade da segurança pública do Rio de Janeiro e explicou como é formado o Complexo da Maré, subdividido por 16 comunidades. "Nós moramos num país que ninguém liga pra acessibilidade. Eles querem é dinheiro no bolso. Eu quero saber se fosse o filho de um parlamentar”, questiona. "Nós, além de tudo, temos que fazer o papel de investigadoras.”


Flávia Concecio, do Movimento Moleque, complementou as falas anteriores sobre a situação de violências e abusos policiais constantes nas periferias do Rio de Janeiro, citando sua comunidade, a Favela da Pedreira.


Amanda Oliveira, advogada do CEDECA Ceará e Marina Araújo, da coordenação colegiada do Centro de Defesa, tentaram sistematizar a situação do Ceará e cobraram uma data, de forma objetiva, a ser definida para uma conversa entre a desembargadora e as mães.


“Para essas mães é muito desgastante estar nesses espaços várias vezes. É muito importante que a gente saia daqui com algum encaminhamento", sugeriu Marina.

Luciano Norberto, da Rede de Comunidade e Movimento Contra a Violência e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos - CEDDH do Rio de Janeiro, questionou o que os órgãos de justiça podem fazer pelos casos encaminhados no Ceará.


Sandra Gomes, do Movimento de Mãe do Jacarezinho, cobrou um acompanhamento de saúde física e psicológica às famílias das vítimas, e aconselhou que as mães não se calassem.


“Gritem até ficar sem voz!"

Muitas mães relataram que os casos de seus familiares estão em processo arquivado. Nesse momento aberto às falas, Deize lembrou o caso das onze mortes no sistema socioeducativo de Goiânia e a crueldade com que o caso aconteceu, além da negligência dos agentes no momento do acontecido.


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